sábado, 27 de junho de 2009

Caso Jackson: cadê o médico?



Hummm... Isso não está me cheirando bem. Os legistas hoje descartaram a hipótese de morte violenta, pois os exames necroscópicos não revelaram lesões externas no corpo do cantor que sugerissem violência. Como eu já havia citado no post anterior, jornalistas afirmaram antes da necropsia que o inventor do moon walking havia morrido por parada cardíaca. Ora, ninguém morre só de parada cardíaca. A falência do coração é, via de regra, consequência de alguma outra condição. As vezes fico com a impressão de que alguns médicos, quando não conseguem encontrar a causa do ataque cardíaco, o atribuem como causa da morte. É bem verdade que uma falência cardíaca leva a uma falência respiratória e, por fim, à morte. Mas atribuir à morte uma parada cárdio-respiratória sem ter idéia do que a causou não me convence. Parece aquele plantonista do pronto socorro que atende a todos e usa o diagnóstico padrão: "É uma virose".

E então? O que causou a parada cardíaca de Michael Jackson? A investigação da polícia californiana parece acreditar que o médico particular do cantor, Dr. Conrad C. Murray, pode fornecer evidências sobre o caso. Isso porque Murray foi o último a ver Michael vivo e o primeiro a tentar reanimá-lo, sem sucesso. Segundo consta, o popstar recebia injeções diárias de meperidina, aplicadas pelo Dr. Murray. Ele teria recebido um dose do medicamento por volta das 11h30, uma hora e dezesseis minutos antes de chegar ao hospital (provavelmente já sem vida).

A meperidina, cujo nome comercial é Demerol, é um narcótico similar à morfina. Seu emprego é recomendado no tratamento da dor classificado de moderada à severa. Tem por contra-indicação o uso por pessoas com histórico de abuso de drogas ou de medicamentos. Há uma restrição estrita ao seu uso em conjunto com inibidores de monoamina oxidase (uma enzima envolvida na quebra de norepinefrina e da serotonina). Os MAOI, sigla inglesa para inibidores de monoamina oxidase, são comumente receitados para pacientes em depressão, pois impedem a degradação de serotonina que acaba por se acumular entre as células nervosas.

É sabido que Michael Jackson era hipocondríaco, tinha obsessão por remédios. Também é notório que o músico se preparava para uma turnê de 50 shows em Londres e que estava estressado com os preparativos. E, cá entre nós, nada como um antidepressivo (como um MAOI) para acalmar um hipocondríaco. Será que não existe a possibilidade do cantor ter tomado meperidina enquanto ainda estava sob efeito de um antidepressivo, como, digamos, um MAOI? A interação medicamentosa destas duas drogas pode levar a risco de morte, culminando com uma parada cardio-respiratória. Curiosamente, o Demerol é citado na musica Morphine do astro, do álbum Blood on the dance floor: HIStory in the Mix (1997).

O médico pessoal de Jackson (esse da foto supra) está desaparecido desde a chegada de Michael ao hospital. Seu carro, inclusive, permaneceu no local e "foi rebocado pela polícia de Los Angeles por conter drogas ou outras evidências que podem ajudar o médico legista a determinar a causa da morte". Será que o médico percebeu um possível erro e se fez desaparecer?

Será? Aguardemos os exames toxicológicos para falarmos mais sobre o caso. Cenas dos próximos posts.

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