sexta-feira, 3 de julho de 2009

Petéquias? O que é isso?

Alguns leitores deste singelo blog sugeriram um post sobre a formação das petéquias. Assim o faremos, mas por estar navegando em mares do conhecimento alheios ao da criminalística, tive de adicionar o termo “medicina legal” no subtítulo deste blog.


As petéquias nada mais são do que equimoses puntiformes. Equimose é o nome dado ao sangue extravasado dos vasos, infiltrado nas malhas dos tecidos e ali coagulado. Podem ser formar logo após um evento traumático ou horas depois. Além disso, não se manifestam obrigatoriamente na sede da lesão.

As pequenas manchas que aparecem na conjuntiva palpebral, freqüentes em casos de asfixia mecânica, são exemples de petéquias. Nesses casos, elas também podem aparecer no “branco dos olhos” ou, com menor freqüência, em outras partes do corpo.

Mas como são formadas as petéquias na conjuntiva palpebral? Acredita-se que sua formação seja o resultado da ruptura de vênulas e capilares quando o retorno no sangue venoso para o coração é obstruído, enquanto o fluxo arterial para a cabeça é mantido. Induzindo a afirmação, é necessário menos pressão para obstruir uma veia jugular (que possui paredes finas e baixa pressão sanguínea) do que uma artéria carótida (de paredes grossas e musculosas, com alta pressão sanguínea). Então, quando um pescoço é pressionado moderadamente, é provável que o fluxo arterial continue fluindo, enquanto o fluxo venoso é interrompido. Essa obstrução seletiva dos vasos maiores resulta no aumento da pressão em pequenos vasos da cabeça, o que eventualmente leva a ruptura destes últimos.

(Parênteses de lembrete: a veia jugular tem fluxo sanguíneo no sentido cabeça-coração, ao passo que as artérias carótidas têm fluxo inverso. Tanto carótidas, quando a jugular passam pelo pescoço. Geralmente, veias possuem paredes finas e artérias paredes grossas).

Vale ressaltar, entretanto, que a presença de petéquias, sozinhas, não é diagnóstica de asfixia mecânica. As mesmas petéquias podem aparecer em casos de morte por doenças cardíacas, em vítimas de queimadura ou em pessoas com deficiência no processo de coagulação sanguínea. Daí a importância de associar o achado das petéquias com outras características encontradas na necropsia e no levantamento de local de crime.

Para saber mais sobre a associação de petéquias às asfixias, recomendo a leitura do artigo de Ely e Hirsch entitulado Asphyxial deaths and petechiae: a review (2000, Journal of Forensic Science 45: 1274-7).

5 comentários:

  1. Mais uma vez meus parabens CRDIAS, gostei bastante da post!

    Ah bela fotografia (excelente qualidade fotografica!!! ashsaashuas) esse tal de Felipe Messias ai parece conhecer de fotografia hein, so falta ser oficial sahusahasuhsausa

    "Abrazz Rapaizz ;)"

    Felipe Messias

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  2. Então Parabéns à "CRDIAS" e "FMESSIAS" hauhauhuahuahuahuahuah....kkkkkkkkkkk
    :-)

    JGVML

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  3. Pois é. Como vêem, muitos dos fenômenos cadavéricos podem ser explicados por processos simples, mas não menos importantes.

    A foto deste post foi de um caso de suicídio por enforcamento. Não havia qualquer suspeita sobre a natureza do delito. Mas foi prudente verificar a presença de petéquias nas pálpebras do cadáver. Felipe Messias fez a foto com solicitado. Ficou bem didática e por isso segue no post.

    Fico feliz que tenham gostado.

    Saudações periciais,

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  4. tive petéquias uma certa vez, em que comi demais demais demais, e, como estava de dieta, por medo de engordar, vomitei tudo..daquela vez foi difícil, tive que fazer mais força, havia comido muito pão e alimentos secos, e fiquei com o rosto e pescoço marcados por esses pontinhos vermelhos, que até então, não conhecia o nome..os lugares mais atingidos eram olhos(ao redor e pálpebras principalmente) e pescoço, e das outras vezes eu só notava nos olhos, e passava meio despercebido, notei mesmo e associei no dia em que apareceram mais pontinhos.

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