quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Além do projétil

O YouTube é mesmo uma ferramenta didática fantástica. Um dia desses me perguntaram como se originavam as zonas de esfumaçamento e de tatuagem nos ferimentos produzidos por disparo de arma de fogo. Como o questionador era um policial militar, presumi que ele entendesse de arma de fogo e procurei dar um explicação de acordo com os fundamentos do tiro. Ele não entendeu. Pena que eu não tinha acesso ao YouTube na ocasião.

Disse a ele que o projétil não saia da boca do cano sozinho. Junto com ele, saem os gases superaquecidos, fuligem (oriunda da combustão da pólvora), grãos de pólvora incombusta e uma língua de fogo. No disparo a curta distância, a fuligem se deposita no alvo, gerando a tal zona de esfumaçamento. Na mesma situação, os grãos de pólvora incombusta, acelerados pela expansão dos gases em combustão, atigem os tecidos e neles se impregnam, gerando pequenas manchas vermelhas salpicadas ao redor do orifício de entrada do projétil (a tal zona de tatuagem).

Após minha explanação, o policial me olhou com aquela cara interrogativa, mas envergolha de perguntar novamente, e acenou com a cabeça como se tivesse entendido. Achei que ele não tivesse noções de medicina legal. Na verdade, ele não sabia muito sobre o funcionamento de uma arma de fogo.

Hoje, me mandaram o vídeo abaixo. Nele se vê os gases saindo do cano juntamente com fuligem, pequenos grãos (pólvora incombusta) e, claro, o projétil em rotação. A filmagem foi feita em muitos quadros por segundo (seguramente mais de 500) e é reproduzida em cerca de 24 fps. (frames per second). Isso dá a sensação de slow motion e facilita a visualização desses elementos.



Ah se eu tivesse esse vídeo para explicar os elementos do tiro ao policial!

6 comentários:

  1. Muito interessante, e o vídeo ajuda a entender a idéia.

    ResponderExcluir
  2. Olá, poxa achei a sua explicação muito boa mesmo =). Talvez o policial não tenha entendido devido ao vocabulário que você usou. Não esotu dizendo que o dito policial seja ignorante, mas algumas palavras que você usou como "incombusta" não são muito utilizadas (pelo menos no dia-a-dia, às vezes na sua área ela seja mais usual ;)). Bom esse meu comentário está baseado de que a conversa com o policial foi idêntica à que você escreveu no post e que os vocábulos usados por você não eram de uso corriqueiro do policial, mas posso estar errado =). De qualquer forma ótima explicação!

    ResponderExcluir
  3. "...baseado no fato de que a conversa..."

    ResponderExcluir
  4. Olá Cícero,

    Desculpe. O amigo policial militar não é um ignorante. Sei que não foi o que você disse, mas não custa esclarecer. Também não lembro, ao certo, se usei as mesmas palavras na explanação. Fiz o post, inclusive, por, de alguma forma, ter frustrado a expectativa do soldado em entender a origem daquelas zonas. Logo, o fiz para ajudar no entendimento do amigo soldado (e, claro, dos demais interessados).

    Prometo ser mais cauteloso nas minhas próximas exposições verbais.

    Abç,

    ResponderExcluir
  5. Esse vídeo é fantásticamente didático!
    Muito bom mesmo!

    ResponderExcluir