Não há como negar que há muito o que ser pesquisado no campo das ciências forenses. Aliás, sempre haverá, pois o capítulo da humanidade intitulado "ciência" não é convencional, pois possui começo, mas não meio e fim. Já os recursos financeiros para investimentos, em ciência esses sim possuem fim (repare na dualidade do termo "fim" que, nesta colocação, pode representar tanto finalidade quanto final - sim, foi intencional). Sabendo desta limitação, onde se deveria investir?
Essa é uma pergunta relativamente recorrente nos meios acadêmicos. Especialmente por parte das agências financiadoras que decidem quais projetos receberão os limitados recur$o$. Mas existem nações mais privilegiadas que nosso país tropical neste sentido. Nesses, os investimentos em ciência e tecnologia não passam por tantos crivos.
Um exemplo disso é a iniciativa de Dan Sykes, pesquisador da Pennsylvania State University. Ele se propôs a estudar compostos oriundos da decomposição cadavérica, visando mapear em que situações (inclusive ambientais) e em que ordem eles aparecem. A idéia do pesquisador é, no futuro, desenvolver um sensor eletrônico capaz de identificar tais compostos
Meu questionamento é simples: por que desenvolver uma máquina "farejadora" se um cão faz isso tão bem e de graça? A habilidade dos cães farejadores foi inicialmente utilizada nas caçadas, quando localizavam e perseguiam a presa. Desde o século passado esses cães têm sido treinados a localizar drogas, explosivos, resquícios de sangue, acelerantes e cadáveres. O faro de um cão é não somente mais apurado, como também mais versátil que o de uma máquina. Penso que vai demorar muito até que um focinho eletrônico possa substituir as atribuições de um cão farejador.
Há de ser dar mérito, entretanto, aos objetivos da pesquisa do Dr. Dan Sykes. Apesar de não ser um grande avanço na localização de um cadáver, talvez o seja na estimativa do tempo de decomposição. É sabido, a exemplo, que a decomposição de corpos humanos gera compostos como indole, cadaverina e putrescina. Mas em que ordem? Claro, os processos químicos que geram tais compostos são influenciados por fatores ambientais e micro-ambientais, como temperatura, umidade, fauna cadavérica associada, entre outros. Essa abordagem, no entanto, me pareceu interessante. Que seja esse o início da formação de uma biblioteca de compostos oriundos da decomposição e de sua ordem de aparecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário