Hoje, 7 de agosto, se completa três meses do acidente envolvendo o deputado estadual Fernando Carli Filho (PSB-PR) que ocasionou a morte de dois jovens. O acidente ocorreu em Curitiba (PR) no bairro Mossunguê. Segundo consta, o deputado trafegava pela R. Monsenhor Ivo Zanlorenzi em seu VW/Passat, quando, na altura do cruzamento com a R. Paulo Gorski, colidiu com a traseira do veículo Honda/Fit.
Não tinha grandes detalhes sobre o caso. Tampouco estive envolvido em qualquer exame pericial. Mas recebi por e-mail um vídeo de uma perícia que teria sido "encomendada" por uma das partes envolvidas. O vídeo é um show de mídia. Muito bem feito. Mostra aspectos técnicos do cálculo de velocidade com base em uma gravação de vídeo e nas medições realizadas no local. Confira abaixo:
Quando vi a estimativa de velocidade em 191,52 km/h achei um exagero. Só por esporte, procurei refazer as medições remotamente e rever os cálculos. O vídeo mostra uma cálculo de velocidade média (distância/tempo), estimando o tempo em 1,5 s. A distância foi medida em 79,8 m (veja no tempo 2:45 do vídeo). Refiz a conta e, de fato, deu os 191,52 km/h.
Então, utilizando o fantástico Google Earth, encontrei o local e fiz a medição conforme mostrado no vídeo (está no tempo 2:45). A medida que encontrei foi de 58,2 m. Como não havia maneira de eu estimar o tempo, utilizei os mesmos 1,5 s propostos no vídeo. Refazendo a conta (distância/tempo = 58,2/1,5 = 38,8 m/s) cheguei a um valor de 139,68 km/h de velocidade média no trecho, ou seja, 51,84 km/h abaixo daquela calculada no vídeo.
Ok, alguns podem estar pensando "que diferença faz ele estar a 140 ou a 190 km/h, já que ambas implicam em excesso de velocidade?" Para falar a verdade, pouco me importa. Minha preocupação não é com o desenrolar jurídico do caso, mas sim com os aspectos técnico-científicos envolvidos. De fato, 140 km/h ainda é uma velocidade alta. No entanto, bem diferente dos 190 km/h. Mas confesso: os 190 km/h vendem mais jornal.
Não tinha grandes detalhes sobre o caso. Tampouco estive envolvido em qualquer exame pericial. Mas recebi por e-mail um vídeo de uma perícia que teria sido "encomendada" por uma das partes envolvidas. O vídeo é um show de mídia. Muito bem feito. Mostra aspectos técnicos do cálculo de velocidade com base em uma gravação de vídeo e nas medições realizadas no local. Confira abaixo:
Quando vi a estimativa de velocidade em 191,52 km/h achei um exagero. Só por esporte, procurei refazer as medições remotamente e rever os cálculos. O vídeo mostra uma cálculo de velocidade média (distância/tempo), estimando o tempo em 1,5 s. A distância foi medida em 79,8 m (veja no tempo 2:45 do vídeo). Refiz a conta e, de fato, deu os 191,52 km/h.
Então, utilizando o fantástico Google Earth, encontrei o local e fiz a medição conforme mostrado no vídeo (está no tempo 2:45). A medida que encontrei foi de 58,2 m. Como não havia maneira de eu estimar o tempo, utilizei os mesmos 1,5 s propostos no vídeo. Refazendo a conta (distância/tempo = 58,2/1,5 = 38,8 m/s) cheguei a um valor de 139,68 km/h de velocidade média no trecho, ou seja, 51,84 km/h abaixo daquela calculada no vídeo.
Ok, alguns podem estar pensando "que diferença faz ele estar a 140 ou a 190 km/h, já que ambas implicam em excesso de velocidade?" Para falar a verdade, pouco me importa. Minha preocupação não é com o desenrolar jurídico do caso, mas sim com os aspectos técnico-científicos envolvidos. De fato, 140 km/h ainda é uma velocidade alta. No entanto, bem diferente dos 190 km/h. Mas confesso: os 190 km/h vendem mais jornal.
E ai CRDIAS parabens pelo post gostei bastante... Como sempre mantendo um excelente nivel didático!!!
ResponderExcluirParabens carinhaa !!! ;)
Abrazz
CRDIAS, sou de Curitiba e moro perto do local do acidente. Acho que o teu cálculo da distância ficou diferente porque vc nao conhece o relevo do local, e no google realemten nao dá pra ver que o cruzamento fica exatamente em cima de um morro; até a faixa de pedetras da esquerda é uma subida e a partir da faixa de pedestres da direita comeca a descida.
ResponderExcluiroops, é ao contrário, até a faixa de pedestres da direita é uma subida e a descida comeca na faixa de pedestres da esquerda. =)
ResponderExcluirDe fato, o relevo poderia ser preponderante num cálculo desse tipo. Decidi considerar essa hipótese para saber se daria alguma diferença.
ResponderExcluirObservando a figura do post, parti do pressuposto que os 2/3 da direita (o que equivaleria a 38,4m) apresentavam alguma inclinação. Supondo que a inclinação da via seja a máxima recomendada para vias urbanas (6%, ou seja, a tg do ângulo de inclinação seria 0,06) e usando um pouco de trigonometria, chegamos a conclusão de que a hipotenusa seria de 38,5m, uma diferença de apenas 10cm. Para efeito de cálculo de velocidade, essa diferença pode ser desprezada.
Portanto, apesar do relevo ser de fato importante para as considerações de distância, no caso concreto, como a distância é relativamente pequena, não há diferença significativa.
Saudações,
A Policia Científica do Paraná fez o cálculo da velocidade do VW/Passat, bem como uma animação gráfica do acidente. Um show. Muito melhor e mais preciso que o cálculo do Kauffmann.
ResponderExcluirTenho tremenda admiração pelos colegas do IC do Paraná. Tive a oportunidade de visitar a sede, em Curitiba, e conhecer alguns peritos de lá.
ResponderExcluirEstou certo de que fizeram um excelente trabalho. Disso não tenho dúvida. Mas como não tive o laudo pericial do caso em mãos, procurei comentar brevemente as informações que tinha em mãos.
Claro que, tendo o laudo oficial, as informações seriam bem mais precisas e interessantes. Se, por ventura, alguém tiver esse laudo e puder disponibilizar para meu comentário, será um grande prazer aprender com o trabalho pericial paranaense.
Saudações periciais,